sexta-feira, 3 de julho de 2009

Há tanto tempo que te amo


Léa espera com ansiedade sua irmã Juliette.
O olhar pesado de Juliette (Elsa Zylberstein, vencedora do Cesar de melhor atriz coajuvante por este papel) já dá ao expectador a impressão de que algo errado está acontecendo, o que se confirma com as cenas seguintes em que ela é apresentada para a familia de sua irmã.
O grande tempo em que Juliette passou obtusa, esquecida, foi o suficiente para que sequer conhecesse Luc, o marido lexicógrafo de sua irmã, e suas filhas adotadas no Vietnã (provavelmente envolvendo uma disputa com Angelina Jolie). E é justamente no relacionamento com suas sobrinhas que o passado de Juliette começa a se desnudar, já que o tratamento nada amistoso que dedica às menininhas revelam de maneira sutil que "criança" não é seu assunto e, muito menos, sua companhia predileta.
"Sutileza" talvez seja a palavra mais adequada para qualificar este filme do estreante Phillipe Claudel, por isso não farei aqui nenhuma revelação abrupta de seu enredo, já que o própio diretor o faz em doses homeopáticas, revelando aos pouquinhos o que Juliette guarda por trás de seu olhar sombrio.
A propósito, é possível perceber entre esse "pedacinhos de revelação", toda a angústia que Juliette sente quando tenta revelar para as pessoas o que lhe aflige e é, geralmente, desacretitada por elas.
O que seria o grande boom de um filme hollywoodiano, a revelação, foi transformada em um momento discreto pelo cinema francês (tão reticente em seus finais), o que mostra que o filme vale pelo seu todo, pela maneira que o drama de Juliete é contado e não - apenas - por seu grand finale.

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